"(...)eu pouco me importo com essa casca ordinária que me cobre, sabe? Ela me pesa, suporto-a porque sei que devo suportá-la. Mas se não me provarem que depois de aguentá-la por mais cinco ou seis ou dez anos, eu não terei pago de alguma forma toda essa chateação e que tudo acaba ali, eu a jogo fora hoje mesmo, neste exato momento. Como fica o instinto de conservação? Conservo-me apenas porque sinto que não pode acabar assim! Porém uma coisa é o indivíduo, outra a humanidade, como dizem. O indivíduo termina, a espécie continua sua evolução. Bela maneira de raciocinar, esta! Veja só! Como se a humanidade não fosse eu, não fosse o senhor e cada um de nós um todo. Todos nós temos o mesmo sentimento, ou seja, que seria a coisa mais absurda e mais terrível se tudo devesse se resumir a isso aqui, neste miserável sopro que é a vida terrena: cinquenta, ssesenta anos de tédio, de miséria, de fadigas pra quê? Para nada! Para a humanidade? Mas se até a humanidade um dia vai terminar? Pense um pouco: para que toda essa vida, todo esse progresso, toda essa evolução? Para nada? Mas o nada, o puro nada, dizem que não existe..."
O falecido Mattia Pascal - Luigi Pirandello
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